sábado, 24 de janeiro de 2009

São Martinho de Lima - Protetor dos Moradores de Rua



São Martinho de Lima Festa 03 de novembro

Também conhecido com São Martinho de Porres, o extraordinário santo das coisas extraordinárias.
É com o santo da vassoura por sua devoção ao trabalho, não importando quão insignificante pudesse parecer. Nasceu em 9 de dezembro de 1579 em Lima .Peru.
Filho ilegítimo de um nobre espanhol e de uma jovem escrava negra ele era livre, mas cresceu na pobreza. Passou parte de sua juventude como barbeiro e ajudante de cirurgião e aprendeu o básico sobre medicina e a cuidar dos doentes. Com a idade de 11 anos tornou-se servente no mosteiro Dominicano. Promovido para “Almoneer”do Mosteiro [Almoneer era no passado aquele que distribuía “alms” (roupas e comida) para os pobres].
Ele vivia em um regime de austeridade, nunca comia carne, jejuava quase continuamente e passava longo tempo em oração e em meditação. Ele faleceu em 1639 e passou a ser venerado desde o dia de sua morte. Foi o primeiro santo negro no continente americano. Foi beatificado em 1639 e canonizado em 16 de amigo de 1962 pelo Papa João XXIII.
É padroeiro dos afro-americanos, mulatos e do Peru, dos barbeiros e cabelereiros.
Foi no convento de Nossa Senhora do Rosário que Martinho quis entrar na qualidade de doado, isto é, quase escravo. Comprometia-se a servir toda a vida e com o único benefício de vestir o hábito religioso. Encarregado da enfermaria do convento, não lhe faltavam ocasiões de humilhar-se diante da impaciência que muitas vezes se apodera dos doentes, ainda mais em uma comunidade tão numerosa. Ele não bastava para atender a todos, o que provocava crises de mau humor em alguns mais impacientes. Num momento desses um religioso, que se sentia mal atendido, o chamou de “mulato cachorro”. Após o primeiro choque, Martinho dominou-se. Ajoelhando-se junto ao leito do enfermo, disse chorando: “Sim, é verdade que sou um cão mulato e mereço que me recordem disso, e mereço muito mais pelas minhas maldades”.
Outro doente que julgou ser mal atendido lhe disse: “Assim é a tua caridade, embusteiro hipócrita!? Agora é que eu te conheço bem!” Mas ficou edificado com a humildade e doçura com que o ofendido o tratou, e pediu-lhe perdão.
Apesar dessas atitudes, a virtude do doado foi sendo reconhecida por todos e ultrapassou os muros do convento. Isso levou os superiores a abrir exceção e receber Martinho como irmão leigo, embora mulato, ligando-se assim à Ordem pelos três votos.
Seu desapego de si mesmo foi heróico. Ouvindo um dia dizer que o convento estava em apuros financeiros, foi ao superior e disse : Disponha de mim como de um escravo, porque algo quererão dar por este cão mulato, e eu ficarei muito contente de ter podido servir em algo aos meus irmãos”. Nunca ocioso e procurando sempre servir aos outros, Frei Martinho além de cuidar da enfermaria, varria todo o convento, cuidava da rouparia, cortava o cabelo dos duzentos frades, e era o sineiro, dispensando ainda de seis a oito horas por dia à oração. Chegou a adquirir algumas vezes as qualidades dos corpos gloriosos, e entrava através das portas fechadas ou mesmo das paredes, em aposentos onde sua presença era necesssária. Aparecia aqui, ali e acolá repentinamente, para satisfazer à sua caridade.
Tinha uma horta na qual ele mesmo cultivava as plantas que utilizava para suas medicinas. Com elas operava verdadeiros milagres. Dizia ao enfermo: “Eu te medico, Deus te cura”. E isso ocorria.
Estando doente o Bispo de La Paz, de passagem por Lima mandou que chamassem Frei Martinho para que o curasse. O simples contato da mão do doado em seu peito o livrou de grave moléstia que o levava ao túmulo.
Entre os inúmeros milagres que se atribuem a Martinho, está o dom da bilocação (foi visto na mesma hora em lugares e até países diferentes) e o de uma ressurreição. Conta-se também que estava com outros dois irmãos longe do convento, quando soou a hora para reentrarem; a fim de não faltarem à virtude da obediência, deu ele a mão aos outros dois, e os três levantaram vôo, chegando assim ao convento no momento previsto.
Frei Martinho transformou a enfermaria no seu centro de ação. A ela levava todos os enfermos que encontrava na rua, mesmo aqueles com maior perigo de contágio. Isso lhe foi proibido pelos superiores. Por isso, preparou na casa de sua irmã, uns aposentos para receber esses doentes. Além de todas essas atividades, Frei Martinho saía também do convento para pedir esmolas para seus pobres e para os sacerdotes necessitados. O dom da sabedoria era nele tão grande, que as mais altas personalidades de Lima recorriam a seu conselho. Como fruto de seu alto grau de oração, Martinho tinha êxtases freqüentes, à vista de todos. Sua união com Deus era contínua. Para dominar suas inclinações, flagelava-se até ao sangue três vezes por dia, e durante os quarenta e cinco anos que permaneceu no convento jejuou a pão e água. Gostava de ajudar a Missa e era grande devoto da Eucaristia. Quando caminhava, ia desfiando as contas de seu Rosário.
Até mesmo os animais mais repelentes atendiam à sua voz. Quando os ratos tornaram-se problema para o convento, porque roíam todos os produtos armazenados com sacrifício, Frei Martinho pegou um deles que caíra na ratoeira e lhe disse: “Vou te soltar; mas vai e dize a teus companheiros que não sejam molestos nem nocivos ao convento; que se retirem para a horta, que eu lhes levarei comida todos os dias”. No dia seguinte todos os ratos estavam quietinhos na horta, esperando a comida que Frei Martinho lhes levava!
Finalmente Frei Martinho, com o corpo gasto pelo excesso de trabalho, jejum contínuo e penitência, sucumbiu aos 60 anos. Seu funeral foi uma glorificação. Todos queriam venerar aquele santo mulato que nunca procurara sua própria glória, mas somente a de Deus.

Oração a São Martinho

Glorioso São Martinho, nosso amigo e protetor, que ao dividir vosso manto com o mendigo que padecia de frio na neve encontrastes o próprio Senhor Jesus, ajudai-nos a saber partilhar o que temos com os mais empobrecidos que encontramos em nosso caminho, principalmente as crianças mais abandonadas, reconhecendo nelas a imagem de nosso divino mestre.
Ó bom Jesus, por intercessão de São Martinho dai-nos os dons da caridade e do amor fraterno que nos fazem servir com desprendimento aos vossos filhos mais excluídos dessa terra.

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