quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Nossa Senhora de Nazareth



Nossa Senhora de Nazaré Festa 12 de outubro

A devoção a Nossa Senhora de Nazaré, a mais importante do estado do Pará, no Brasil, tem suas origens em Portugal.
"Durante séculos acreditou-se que o santuário da Senhora de Nazaré tinha sido um dos mais antigos do país, fundado na seqüência do milagre da Virgem ao cavaleiro D. Fuas Roupinho, em 1182. A narrativa que suportava esta convicção de milhares de peregrinos fornecia todos os pormenores: a imagem da Senhora tinha sido esculpida no Oriente por São José, na presença da Mãe de Cristo. Depois passou por várias vicissitudes até chegar ao Mosteiro de Cauliniana, em Mérida. Com a derrota dos cristãos em Guadalete, o rei godo D. Rodrigo refugiou-se no mosteiro. Perante o avanço islâmico, o rei e Fr. Romano, um dos monges ali residentes, decidiram partir para lugar seguro, levando consigo a pequena imagem mariana. Chegaram em 714 nas proximidades da atual Nazaré. O monarca e o monge separaram-se, tendo o primeiro permanecido no local e o segundo levado o ícone para um monte vizinho. Aí, Fr. Romano, para se abrigar, construiu um pequeno nicho entre os rochedos. Com a sua morte e a partida de D. Rodrigo para norte, a imagem ficou esquecida na pequena lapa, no atual promontório do Sítio (Nazaré).
Apenas no século XII, seria descoberta por D. Fuas Roupinho, que a venerava sempre que ali se dirigia para os prazeres da caça. Em, 8 de Setembro de 1182, um dia de névoa, o cavaleiro teria sido atraído por um veado em direção ao abismo do promontório. No momento em que o cavalo chegava ao extremo do rochedo, prestes a lançar-se no precipício, D. Fuas teria evocado a Virgem, lembrando a sua Imagem, depositada ali próximo. Imediatamente o cavalo estacou a sua marcha e, por milagre, D. Fuas salvou-se. Em sinal de agradecimento, o cavaleiro doou aquele território à Senhora de Nazaré e mandou ali edificar uma ermida. Atraídos pela fama do milagre vieram os primeiros romeiros.
No final do século XVII, a lenda da Senhora de Nazaré tinha já sido publicada em mais de uma dezena de obras, em língua portuguesa e espanhola.
No Pará a devoção à Virgem é também envolvida em lenda. Plácido, o precursor do culto teria encontrado a pequena imagem em madeira de Nossa Senhora de Nazaré às margem do Igarapé Murutucu, que corria pela atual travessa 14 de Março onde hoje ficam os fundos da Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. Imaginando que algum devoto da cidade de Vigia havia esquecido a imagem ali, levou-a para casa. No dia seguinte não a encontrou. Ela havia retornado ao igarapé. Nova tentativa, novo retorno da imagem ao nicho que havia escolhido. A imagem então teria sido levada para a capela do Palácio do Governo da Província, onde ficou guardada por escolta. De manhã, não havia nada na capela, a imagem havia retornado ao igarapé. Obedecendo os desejos da Virgem, à beira do igarapé foi construída uma ermida, que deu início à romaria e à devoção do povo paraense à Virgem de Nazaré.
A primeira procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré saiu na tarde do dia 8 de setembro de 1793, acompanhada por toda a tropa aquartelada na cidade, os cavalheiros montados em seus melhores cavalos, as damas carregadas em seges, o povo a pé em torno do carro que transportava a Santa. A imagem ia no colo do padre capelão e o próprio governador da Província, Dom Francisco de Souza Coutinho, acompanhava o cortejo trajado com uniforme de gala. Dom Francisco Coutinho, estruturou assim aquela que iria ser a maior manifestação religiosa do Pará e uma das mais impressionantes demonstrações de fé religiosa dos católicos. Com o tempo a procissão sofreu algumas modificações, como a inclusão do Carro dos Milagres, que lembrava a salvação do fidalgo português Dom Fuas Roupinho, o barco que lembrava a salvação dos náufragos do brigue São João Batista, a corda que substituiu a junta de bois que puxava o carro da Santa, e o carro dos fogos, que com muito barulho precedia o cortejo religioso. O primeiro Círio mobilizou gente de toda a redondeza de Belém. Nos duzentos anos em que o Círio de Nazaré vem sendo realizado, é a cada ano maior o movimento de romeiros. Hoje calcula-se em mais de um milhão o número de pessoas que saem às ruas para celebrar a Virgem de Nazaré.
A corda foi uma das primeiras modificações sofridas pela procissão do Círio de Nazaré. Em 1866 o carro com a Santa atolou, sendo necessária a intervenção do povo, que tirou o carro do atoleiro com uma corda. Desde 1868 a corda foi incorporada à procissão. Depois a corda passou a separar a berlinda da multidão. Este é o sacrifício maior para o fiel que acompanha o Círio: segurar a corda. Mulheres numa corda, homens em outra, todos descalços, vão se empurrando, pisando, esmagando ao longo de todo o trajeto. Ao final, cheios de calos, pisaduras e feridas nos pés, são os fiéis mais realizados, por terem cumprido o sacrifício prometido. A corda sempre foi motivo de polêmica, havendo aqueles que procuram eliminá-la da procissão, pela enormidade do sacrifício exigido. Em 1926, o arcebispo de Belém, baixou uma bula proibindo o uso da corda. Foi o Círio mais tumultuado da história, tendo sido necessária a intervenção da polícia para cumprir as ordens do arcebispo. Em 1931 foi permitido o retorno da corda. Desde então, sempre há alguém querendo eliminar a corda, sem nunca obter sucesso.
O carro dos milagres foi introduzido no ano de 1805, por pedido da Rainha de Portugal, dona Maria I, para lembrar o primeiro milagre relatado da Virgem de Nazaré, que salvou o fidalgo dom Fuas Roupinho da morte num abismo. O carro dos milagres é o depositário das ofertas feitas à Virgem pelos fiéis, em reconhecimento pelas graças alcançadas. Réplicas de casas que o romeiro conseguiu, de embarcações salvas do naufrágio, de partes do corpo humano em cera, curadas por intervenção da santa.

Oração a Nossa Senhora de Nazaré

Ó Virgem Imaculada de Nazaré, fostes na terra criatura tão humilde a ponto de dizer ao Anjo Gabriel: “Eis aqui a escrava do Senhor!” Mas por Deus fostes exaltada e preferida entre todas as mulheres para exercer a sublime missão de Mãe do Verbo Encarnado. Adoro e louvo o Altíssimo que vos elevou a esta excelsa dignidade e vos preservou da culpa original.
Quanto a mim, soberbo e carregado de pecados, sinto-me confundido e envergonhado perante vós. Entretanto confiado na bondade e ternura do vosso coração imaculado e maternal, peço-vos a força de imitar a vossa humildade e participar da vossa caridade, afim de viver unido, pela graça, ao vosso divino Filho, Jesus, assim como vós vivestes no retiro de Nazaré. Para alcançar essa graça, quero com imenso afeto e filial devoção saudar-vos como o Arcanjo São Gabriel: “Ave Maria, cheia de graça...”
Nossa Senhora de Nazaré, rogai por nós.

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